domingo, 25 de outubro de 2015

Saga Crepúsculo - Supernova

Em 2005 a autora Stephenie Meyer lançava para o mundo o primeiro de uma série de livros sobre um romance sobrenatural. Seus vampiros purpurinados e lobisomens testosteronizados arrebataram os corações de milhares de adolescentes na época, impulsionados também pela franquia de filmes originada destas histórias. E lá se foram 10 anos de fãs histéricas, atores que aproveitaram a crista da onda, autores que fizeram suas versões da histórias em muitas sátiras e muitas, muitas fanfics, como a história a seguir

Escrita em 2010 para um concurso promocional, a história a seguir coloca "um ponto a mais" no drama criado pela autora. Se a Saga Crepúsculo se perpetuará tal qual os livros da Anne Rice, só futuro poderá dizer. Mas histórias são histórias. E um ponto final nunca existe, para aqueles que tem muita imaginação...


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O sinal da última aula tocou, e eu fiquei feliz em me preparar para sair. Era aula de Educação Física, e apesar de, modéstia à parte, ser boa em tudo que eu faço, não suportava os olhares cobiçosos do professor Newton – aquele mesmo, que fora apaixonado pela minha mãe na adolescência dele (já que agora ela era uma eterna adolescente). Aliás, dos amigos humanos da minha mãe, apenas ele permaneceu ali; Ângela casara-se com Ben e juntos montaram uma produtora de filmes em Seatle (e foi, durante dezessete anos, bombardeada de fotos do meu “crescimento”, graças aos inúmeros registros feitos por tia Rosalie e Tia Alice nos meus primeiros meses de vida!). Já o Sr. Newton casara-se e divorciara-se de Jessica – agora repórter em New York, dividindo um apartamento com Lauren - tão rápido quanto a passagem de um cometa. Não pude deixar de perceber seu rosto iluminar-se quando fez a chamada e confirmou quem eu era, Rénesmee Carlie Swan Cullen - Nessie para os íntimos, - filha de Edward e Bella Cullen, mas o brilho apagou-se quando viu meu adorável e gigante namorado vir me buscar, em sua reluzente moto negra depois da aula. Havia o perigo do Sr. Newton reconhecer o rosto dele, mas quantos filhos não nascem a cara dos pais? Era a desculpa perfeita.
            - Vinte anos e as coisas parecem iguais por aqui! – Jacob falava por sob os ombros, enquanto dirigia – Esse aí perdeu mais uma Swan!
        
         Eu ri aninhada em suas costas. Vinte anos e finalmente pude retornar a Forks, para meus avôs e meus lobos. As desculpas de ser sobrinha de Edward não estavam funcionando, à medida que eu cresci rápido demais e ficava cada vez mais parecida com Bella. Jacob partiu conosco e eu tive que aprender a chamar meus pais por seus primeiros nomes, já que aparentávamos a mesma idade. Mas ali em Forks, passados tantos anos, eu podia ser quem eu era: a terceira geração dos Cullens. Nenhum dos mais velhos voltara comigo, era arriscado demais. Mas Jacob, tão imortal quanto eu, pode fazê-lo, abusando do papel de filho de si próprio. Agora, partíamos para La Push, para mais uma noite de fogueiras sob a luz do luar.
            
             Enquanto vovô Black alternava as lendas com os outros anciãos, olhei para a alcatéia a minha volta. Todos tranqüilos e felizes, inclusive Leah, a beta de Jacob: tinha ao seu lado a razão da própria felicidade e um dos motivos por estarmos juntos ali. Éramos uma lenda viva e nossa história seria imortalizada. A minha eu sei de cor, mas hoje falaremos da história de Leah.

Aconteceu logo depois da quase guerra com os Volturi – por minha causa, diga-se de passagem. Leah foi até os jardins dos Cullen falar com Jacob; queria pedir permissão para partir. Lembrou à ele o acordo que fizeram, que não o atrapalharia e tentaria livrar-se da forma de lobo. Por fim demonstrou o quanto seria doloroso voltar para o grupo de Sam. Estava praticamente implorando, quando meu pai saiu da casa, conversando com Emmett, Carlisle e Nahuel, o jovem imortal filho de pai vampiro e mãe humana. Leah ficou perturbada. Edward parou sua conversa, olhando intrigado de um grupo para o outro.

­- Jacob, - falou Leah, sem tirar os olhos deles. Outros Cullens aproximavam-se, inclusive eu, uma criança de poucos meses que aparentava 6 anos no colo de Huilen, tia de Nahuel – Por favor, ordene que  eu não volte mais!

Jacob ficou surpreso, depois furioso com o comportamento dela, que julgava de uma falta de educação sem fim.

- Ora, se não pode suportá-los desapareça daqui!!

Leah fechou os olhos e agradeceu, correndo logo em seguida e deixando-nos sem entender. Por um longo tempo não a vimos, nem soubemos dela, exceto pelas ligações esporádicas que dava para Sue e Seth, então novo Beta de Jacob – Quil e Embry se matariam se ele escolhesse qualquer um dos dois! E lá em casa o assunto Leah só surgia porque meu pai perguntava a qualquer um que morasse em La Push. Seth o tranqüilizava, dizendo que ela parecia bem: apesar de não se transformar mais, ainda era uma loba, ainda podiam senti-la.

Leah reapareceu na reserva num dia de ação de graças, muito abatida. Apesar da alegria sincera de seus irmãos, disse a Jacob que não se demoraria muito, apenas queria matar as saudades. Mais tarde a saudade apertou, pois vira e mexe ela estava de volta, coincidentemente quando havia alguma festa lá em casa produzida por tia Alice, que reunia alguns vampiros amigos. Mas Jacob não impedia a sua partida, pois julgava que ela se esforçava, mas definitivamente não era feliz enquanto ficava por aqui.

- Jacob – disse meu pai – esqueça Nessie um pouco e preste mais atenção na única fêmea de sua alcateia!

Lancei um olhar fulminante para o meu pai. Jacob me esquecer, como assim?! Eu já tinha seis anos – e para minha espécie, já era adulta. Jacob não era mais minha babá, meu irmão mais velho, meu amigo; agora ele era meu namorado, meu prometido.

- Não é nada disso, Nessie!... – Edward tentou apaziguar – É que... bem, apenas prestem a atenção nela!

Havia algo que ele sabia e não queria contar. E o mistério esclareceu-se meses depois, numa visita dos mapuches. Nahuel contava uma de suas aventuras na floresta, quando deparou-se com um animal gigantesco a observá-lo. Pensou em atacá-lo, mas havia algo de familiar nele, que o fez lembrar-se dos lobos de La Push. Enquanto ele falava, meu pai ficou petrificado, e pediu que Jacob ordenasse que Leah fosse até a casa.

- Ei, sanguessuga, você não manda em mim, muito menos na minha alcateia! – Jacob protestou. Mas Edward simplesmente ergueu as sobrancelhas e o encarou, praticamente implorou e Jacob, percebendo a urgência, assentiu. Leah estava ali cinco minutos depois. Sabíamos que ela era veloz, mas sua chegada em tempo recorde nos surpreendeu.

- Ela não estava na reserva, – Edward respondeu meus pensamentos - estava rondando aqui como loba. Só se transforma quando tem certeza que os outros não o estão, assim não podem ouvir seus pensamentos. - Leah o fulminou com o olhar, e foi retribuída com uma gentil advertência: – Se não contar para eles, serei obrigado a fazê-lo.

Todos vimos o rosto furioso de Leah tornar-se uma máscara de dor. Quase éramos capazes de ouvir sua súplica mental dizendo ao meu pai para não dizer o que quer que fosse.

- Não posso,- ele disse numa voz branda – você está correndo perigo com isso! – e virando-se para nós, esclareceu – Leah sofreu imprinting alguns anos atrás, mas ainda está confusa. Não queria que isso acontecesse – na verdade nem esperava acontecer! Não contou a ninguém e implorou que eu não o fizesse. Tentou fugir, mas todos sabemos que isto é forte demais para ser controlado – ele olhou para mim e Jacob ao dizer isto, e não pudemos deixar de ouvir o sonoro “humpft” de tia Rosalie, que ainda implicava com meu namorado – Leah só queria ser humana outra vez, mas estar perto da pessoa que ela... “ama”, a mantém loba para sempre.

A esta altura todos estávamos curiosos. Leah se mantinha imóvel no jardim, de olhos fechados, estremecendo ligeiramente quando meu pai mencionou a palavra “ama”. Edward esperou que ela se manifestasse, mas ela nada disse. Meu pai suspirou e riu:

- No fim, Alice tinha razão, como sempre: há algo em comum entre os lobos e os mestiços. Leah sofreu imprinting com Nahuel. O lobo que ele quase matou era ela.

Por alguns minutos, ninguém se lembrou de como fechar a boca: olhávamos de Leah para Nahuel aturdidos.

- Meu Deus, isso é melhor que novela mexicana! - Falou Emmet.

Pronto. Foi o suficiente para Leah explodir.

- Foi para isso que me chamou aqui, ó grande Alfa, para ser chacota de sua família? Pois saibam que eu prefiro morrer a ser bichinho de estimação de sanguessugas! – bradou, e depois saiu correndo.

- Alguém vá atrás dela, ela não está brincando! – disse meu pai. Porem, antes que Jacob e Seth se manifestassem, Nahuel interferiu e foi falar com ela. Esta parte da conversa nós só soubemos direito depois, pelas lembranças de Leah que Jacob captou; não havia segredo entre os lobos, muito menos entre Jake e eu.

Leah estava no penhasco – aquele mesmo de onde minha mãe se jogara – quando Nahuel a alcançou. Ela lutava contra os próprios sentimentos, mas ele foi categórico: não prometeu que a amaria, mas gostaria que fossem amigos, se isso a fizesse feliz. Ele ainda estava se acostumando com o mundo de possibilidades que o convívio com os Cullens oferecia, a chance de não ser um demônio e ter uma vida quase normal.

 - Não cabe a nós obrigar o nosso...afeto, a nos amar – disse Leah – mas acho que ficarei melhor depois disso.

­- Por favor entenda, não é uma rejeição; eu apenas não me conheço o suficiente para permitir que você arrisque sua vida e seus planos ao meu lado! Meu veneno é letal em você!

Leah sorriu, com um pouco de desdém, mas assentiu. Imediatamente seu coração se acalmou e nascia ali uma estranha amizade. Os planos dela não destoavam muito dos dele: estudar, trabalhar, ajudar a própria tribo, encontrar seu lugar no mundo. Ela era feliz como melhor amiga dele, ajudando-o sempre que possível, e isso era visível principalmente no tratamento dela conosco, mais tolerante – mas ainda mantinha a língua afiada! Até que um dia Nahuel pediu permissão para levá-la oficialmente para o sul, para sua floresta.

- Continuará sendo loba para sempre, quer realmente isso? – zombou Jacob

Isso aconteceu a poucos anos. E agora estávamos lá, todos juntos o casal mais inusitado do mundo. Olhar para Leah ali, radiante tal qual uma supernova, comparada com a loba desamparada que fora outrora, renovava em nós a esperança pelo direito à felicidade de cada um. “Não sabemos porque sofremos imprinting...”, dizia o vovô Black, "...mas a natureza sabe o que faz!"


Agora Leah e eu carregamos o peso de sermos progenitoras de uma nova geração daquela tribo. Se nascerão vampiros ou lobos, frios ou quentes, não importa: serão muito amados. Mas por enquanto isto não é algo em que pensamos. O tempo para nós arrasta-se e contá-lo chega a ser irracional. Queremos abraçar todas as possibilidades que nossa imortalidade permite. Assim, a nova geração dos filhos da Lua Cheia terá muito tempo para esperar...!